domingo, 9 de novembro de 2014

PRAZER!  - Mylena Anegue

Prazer!


Sou aquela que está sempre com você, te ajudei nos momentos difíceis, como quando você sofreu por aquela pessoa, quando tirou uma nota vermelha, quando perdeu um ente querido... também fiquei com você quando estava contente, se lembra de quando sua banda favorita lançou o terceiro CD? Puxa, aquilo foi o máximo! Se lembra de quando soube que teria um filho e logo cantou "Happy", do cantor Pharrel? Nos divertimos tanto!
Pessoas do mundo todo me procuram e sempre tenho que mudar minha "língua", modéstia à parte, sou fantástica na hora de mudar a linguagem.
Você nunca fez isso comigo, mas algumas pessoas já me usaram até para se matar.
Me sinto pra baixo quando por mim, querem mostrar seu desejo por drogas, dinheiro, muitas mulheres, morte, palavrões, sexo e guerras.
Ei, essa gente não sabe como é bom me usar de forma tranquila? Sou psicóloga tantas vezes nesses anos todos! Posso fazer dançar, brincar, rir e gritar de felicidade. Mesmo quando ainda não me entendem, faço-os brincar e dançar, pessoas de todas as idades, de todos os estilos.

Às vezes, penso até em aposentar-me. Exageram nas palavras, você sabe o que é "lepo-lepo"?
Ó céus, queria travar toda vez em que alguém me usava pra dançar isso.
Ah, como sou mal educada! Você lendo minha carta, e nem falei meu nome...
Prazer, eu sou a canção!

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Escrito pela aluna Mylena Anegue, da turma 203 (Letramento em Língua Portuguesa - CIEP Raul Ryff - em setembro de 2014)
Foi pedido que a turma produzisse textos em estilo livre (poesia, conto, crônica, reflexão, dissertação, etc) a partir do tema "O poder da canção". Mylena inovou com uma carta "redigida pela própria", que foi tema dos estudos do terceiro bimestre.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014



ASSUMINDO MEU "EU" - Esther Rodrigues

Durante uma aula sobre o gênero literário "romance" numa de minhas turmas de nono ano do ensino fundamental, propus aos alunos a seguinte pergunta: "SUA VIDA DARIA UM ROMANCE?". Essa indagação nasceu da lembrança de algo engraçado que ocorreu na faculdade, há muitos anos: a professora de literatura japonesa disparara, a uma amiga minha que estudava na mesma classe, a sentença: "AH, MINHA FILHA, SUA VIDA NÃO DARIA UM ROMANCE...". Eu não me lembro das circunstâncias que levaram a mestre, sempre tão doce e paciente, a disparar tal declaração...mas ficou eternizada. E trouxe a questão à baila: ora, se há romances de tantos tipos como há seres e vidas de tantos tipos, pensemos... nossa vida daria um romance? E de que tipo seria? A turma 902 do CIEP Raul Ryff topou o desafio de se analisar e responder tal questão, mediante uma justificativa na forma de um texto narrativo. Foi assim que nasceu o texto que trago hoje... com a palavra, Esther Rodrigues, cujas especialidades são as crônicas e os contos. Além disso, é um raro caso de aluno que não hesita em fazer apresentações orais como palestras e seminários: por cantar na igreja que frequenta, Esther tem muita desenvoltura ao falar diante do público, ainda que seja relativamente tímida. Veremos de que forma a decepção levou uma menina a assumir seus cabelos, o que ocasionou não só uma mudança estética, como também em sua maneira de encarar a vida.


ASSUMINDO MEU EU

Tudo começou quando éramos bem pequenos, e quando eu digo "éramos", estou falando de mim, que me chamo Nanda, e Daniel. Nós tínhamos 9 anos.
Eu o conheci na Igreja, quando ele entrou para o grupo de estudos dominicais de que eu participava. Não o achava muito bonito, ao contrário da minha amiga Drika, que achava Daniel um gato!
De tanto a Drika falar dele, acabei mudando minha opinião sobre o menino...
Num certo dia, no ensaio da Igreja, nós fomos apresentados, e eu, sob influência da Drika, me senti impulsionada a chamar Daniel para brincar.
- Oi, vo-cê...quer...brin...car co-mi...comigo? - perguntei, gaguejando sem parar.
Ele respondeu que sim, e segundos depois começamos a brincar.
A partir daí, eu e Daniel não nos largamos mais.
Um certo dia, já meio que crescidos, com 12 anos, durante um ensaio, Drika me perguntou:
- Amiga, você gosta de alguém?
Eu, na maior inocência, respondo:
- Não...não gosto de ninguém, vamos brincar!
- Fala, não vou contar pra ninguém.
- Ah! Eu... eu gosto do...
- ...do...?
- ...do Daniel.
Para minha surpresa, Drika correu até Daniel e contou a ele, não só que eu gostava dele, mas que eu queria beijá-lo ali, naquele exato momento. E era mentira!
- Eu não! Deus que me livre, ficar com essa garota. Que nojo! - Disse ele. E virou-se para mim - Eu nunca vou beijar você, você é feia.
O mundo havia caído sobre a minha cabeça. Aquele era o primeiro problema, a primeira decepção da minha curta vida. Além de ser traída pela minha melhor amiguinha, ganhei um fora do garoto dos meus sonhos. Eu estava sendo humilhada na frente de todos! Muitas pessoas riram de mim naquela hora. Deu vontade de chorar, mas me segurei.
Algumas amigas que estavam ali por perto me puxaram e me livraram daquela situação. Foi então que uma lágrima desceu pelo meu rosto.
Junto com aquela lágrima, aquele momento levou toda a minha inocência, e toda fé que eu tinha no amor. Chorei muito naquele dia e jurei para mim mesma que nunca mais iria chorar de novo por ele.
Dito e feito; mudei completamente depois deste episódio.
Passei por uma mudança não só psicológica, mas física também.
Resolvi entrar em uma "transição capilar", que é o período por que o cabelo passa até voltar ao que era antes. Eu usava o cabelo alisado, passava um monte de química para ele ficar liso, mas depois daquele dia, eu resolvera voltar a ser quem eu era. Voltar a usar meu cabelo natural.
Depois de 9 meses cortando as pontas lisas do meu cabelo e deixando a raiz crescer naturalmente, voltei a usar "black".
Foi mais que uma mudança de cabelo, foi uma aceitação de quem eu era, foi assumir minha identidade.
Nós fizemos 14 anos. O tempo passou, eu cresci, evoluí, e hoje a história mudou de lado.
Hoje quem me quer é ele.





Escrito por Esther Rodrigues
CIEP 312 Raul Ryff
Turma 902
Em setembro de 2014

terça-feira, 7 de outubro de 2014






NÃO VEJO A HORA PRA TE VER - Júlio Cesar

Júlio é um autor bastante produtivo para sua pouca idade: passeia com segurança por gêneros como contos, crônicas, pensamentos, poemas, letras de rap. Recentemente fiz uma leitura dramatizada de um de seus contos, "Os monstros do armário", em outra escola, numa turma do mesmo ano por ele frequentada, nono ano do ensino fundamental; foi uma sensação. Espero postar este conto aqui em breve. Para começar, vamos de poesia...



NÃO VEJO A HORA PRA TE VER




Não vejo a hora pra eu te ver
Poder te beijar, abraçar
A paixão é tão grande
Que eu começo a delirar

Vejo você em todo lugar
Uma garota como você
Sei que nunca irei encontrar
Não importa por onde eu ande, não importa

Onde quer que eu vá procurar
Meu amor por você nunca irá acabar
No máximo ele pode se transformar em outro sentimento
Mas acabar, nunca irá

Menina, seu olhar fez eu me apaixonar
Percebi que minha vida só começou depois que te conheci
Antes disso eu apenas vivi
Sem rumo, sem direção

Você em um piscar de olhos roubou meu coração
Agora ele tá em suas mãos
Então peço de coração
Não me abandona não.


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Júlio Cesar
Turma 902 - CIEP 312 Raul Ryff - Paciência, Rio de Janeiro
Escrito em agosto de 2014 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014


NOSSO QUERIDO BRASIL - Beatriz Dias e Viviane Vieira







NOSSO QUERIDO BRASIL


Nos dias de hoje
O Brasil está bem
De preconceito
Não sofre ninguém

Emprego pra todos tem
De forma que não sofre ninguém
Desigualdade social aqui não há
Se não tem dinheiro, sem casa não vai ficar

Corrupção a mil, a mil
É isso o nosso Brasil
Assim não dá pra ficar
Infelizmente nada posso mudar

Posso reclamar
Mas não posso mudar
Minha satisfação não tá a mil
Mas esse é o nosso querido Brasil.




Poema escrito a "quatro mãos", em aula de Produção Textual. Os alunos tiveram que compor um poema de tema livre, que contivesse IRONIA. As duas primeiras estrofes foram compostas por Beatriz Dias, e a terceira e quarta, por Viviane Vieira. Ambas pertencem à turma 802, Colégio Estadual São Judas Tadeu (Nova Iguaçu - Rio de Janeiro) - Escrito em setembro de 2014.








RESPOSTA PARA GREGÓRIO - Letícia Nunes


Estreando no blog, a poesia da aluna Letícia Nunes, "Resposta para Gregório"; Letícia tomou a liberdade de responder ao ferino poeta no lugar da freira por ele alvejada (quem mandou mexer com o "Boca do Inferno"?) no célebre poema "Pica-flor", de Gregório de Matos (o qual lemos em sala de aula).






RESPOSTA PARA GREGÓRIO
( a um poeta...)
 


Pica-flor lhe chamei
É porque é melhor que o seu nome.
Entretanto sua curiosidade sabe,
Que o nome que lhe dei
Não chegará nem perto da flor que guardei
Nem passarinho algum!

Mesmo sendo educada
Dispensarei formalidades
De você nada fica
Muito menos o pica
E mesmo assim...
Sempre será um pica-flor...


Letícia F. Nunes



Colégio Estadual São Judas Tadeu - Austin - Nova Iguaçu
Turma 1003 - Língua Portuguesa e Literatura
Escrito em setembro de 2014